
"Persépolis" é uma bela história sobre as diabruras de uma miúda durante as perseguições constantes efetuadas pelo regime ditatorial. Marjane é uma criança num mundo em guerra, depois uma adolescente no exílio na Áustria e, finalmente, uma emigrante em França. A autobiografia não só é tocante porque está muito bem contada e é emocionalmente muito forte como consegue transpor a história de uma iraniana no Ocidente, com todas as incompreensões e estranhezas vividas, universalizando o assunto ao ponto de se gerar uma identificação com todos os regimes de ditadura. Para este efeito contribui, sem dúvida, aquilo que a autora considera, no making of do filme, uma forma de representação gráfica estilizada e abstrata, tirando partido de um traço simples e expressivo. Penso que este efeito, gerado pela essência estilística do traço, é tão notório que várias vezes, e isto ainda sem ter visto o making of do filme, fiquei a pensar na expressividade daqueles olhos, daquelas bocas e daqueles gestos animados. Traços tão convincentes de provocar lágrimas. Traços essenciais onde nada está a mais, onde nada é decorativo. Uma simplicidade que toca o coração.
O filme foi realizado depois do sucesso de dois livros autobiográficos de banda desenhada publicados por Marjane Satrapi sob o mesmo nome, “Persépolis” I e II, e não quer abdicar da memória daqueles que perderam a sua liberdade para combater um regime repressivo e que impunha valores apenas legitimados por alguns. Uma animação demasiado bela para ser verdade…
Bom final de semana!
Gabriela Oliveira
Um comentário:
Eu vi em 2007, Gabi, e é um filme muuuuuuito legal, sim!!! Vale a pena. Bjs, Jana.
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