
Detalhe Painel Igreja da Pampulha - Portinari - 1943
Caboclos, mamelucos , indígenas, negros e saltimbancos! Nossos 'abaporus'! Enquanto Oswald de Andrade convocava a digerir e fazer renascer a arte pós-impresssionista europeia com a face do pau-brasil em seu manifesto antoprofágico da Semana da Arte Moderna de 1922, Cândido Portinari [1903-1962] ainda estudava desenho e pintura na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro sem imaginar que se tornaria o maior do antropofágicos daquela geração.
Nascido numa fazenda de café em Brodowski, São Paulo, em 1903, e trabalhando ainda menino como ajudante de restauração de igrejas ao lado de pintores italianos, Portinari, viveu o dia-a-dia da terra e do mestiço:"Eram belas as manhãs frias na época da apanha do café. Quantas vezes adormeciamos sobre as sacas.(...) Belas eram as seriemas, as saracuras e os tatus".
Do primeiro mural de quase oito metros pintado em 1936, até a inauguração dos painéis Guerra e Paz na sede da ONU em 1957, Portinari dedicou sua incrível arte e sensibilidade aos aspectos culturais, sociais e até políticos dessa miscigenação mundial brasileira que se consolidou, na primeira metade do século 20.
Ironicamente , morre em 1962 de intoxicação pelas próprias tintas que coloriam e registraram a nossa antropofagia. Quando proibido de pintar, reclamou:"Estou proibido de viver".
Hoje quando atravesso nossas metrópoles e vejo nossa arte urbana representando os 'macunaímas do dia-a-dia', como a dos irmãos Os Gêmeos, vejo o orgulho dos símbolos brasileiros nas cores da nossa tropicália e do nosso mestre, pincelado pelos murais do mundo.
Via: Computer Arts Brasil - n˚19
.:: Roberto Ojeda ::.
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