ARTE EM EQUIPE - PARTE II

PENSAMENTO HORIZONTAL

Seja longe ou centralizado, esporádico ou em tempo integral, muitos coletivos são estruturados horizontalmente - em contraste com as empresas tradicionais, com hierarquia verticalizada no comando. Membros podem ter responsabilidades individuais nos negócios, como contabilidade e publicidade. O :phunk studio por exemplo, trabalha regularmente para multinacionais que incluem a Nike e Levi`s, mas não podiam ser estruturadas de jeito mais distinto que o delas.

Esse modo "anti-coorporativo" de ser de muitos coletivos é provavelmente a configuração ideal para pessoas criativas. Antirom, um coletivo que funciona há 5 anos sem um único líder."Não temos ninguém no comando. As vezes o nosso colega Rob faz as vezes de diretor porque é ele que tem cabelo mais curto e usa camisas", diverte-se Roope - um dos co-fundadores do coletivo.

COLETIVOS FUNCIONAM?

Os grupos de designers são normalmente coordenados por um time central. Este tipo de acordo pode funcionar muito bem onde os membros colaboram sem compromisso. De acordo com Sebastian Roux, criador do UNCHI, há 3 diretores a frente do grupo."Discutimos as decições com todos os envolvidos no projeto, mas a decisão final e tomada pelos diretores", explica.

O exemplo mais extremo de hierarquia é o do Spear Collective, criado pelo blogueiro Josh Spear como plataforma para designers desenvolverem todo o seu potencial. Spear não tem papel criativo, mas administra os projetos e providencia novos negócios para os membros.

"Ter um time central pode dar orientação a todos, e isso é ótimo para clientes que ficam confusos ao lidar com várias pessoas ao mesmo tempo; porém isso pode ser evitado quando se escolhe diferentes administradores de projetos para trabalhar em cada um", garante.

Uma estrutura mais informal e horizontal significa que coletivos podem ser compostos por membros bem diferentes, em contraste com empresas tradicionais, de número fixo de funcionários. O coletivo pode crescer infinitamente, ou expandir-se e contrair-se com o vai-e-vem dos briefings. Alguns coletivos possuem membros permanentes mas com grupos novos a cada projeto; outros formam um grupo não muito definido cujo os membros podem entrar e sair quando quiserem, sem prejudicar a infra-estrutura do projeto.

Coletivos que mantem um grupo base criam laços entre os membros. Também é um bom jeito de tomar decisões democráticas, um dos principais pré-requisitos de muitos coletivos. "No começo do projeto discutimos quem está disponível, interessado e melhor preparado para o trabalho" conta Donovan. No Peepshow, a maioria dos briefings fica com times de 4 ou 5 pessoas, sendo que o coletivo tem 10 membros.É um processo completamente democrático. A tomada democrática de decisões assegura que todos os membros do coletivo se sintam valorizados, mas também pode bloquear a eficiência. "Estruturas democráticas dificultam a conciliação de 13 opiniões. Mesmo em estruturas flexíveis há grupos dominantes que influenciam no jeito que as coisas andam".

O ego pode ser um problema em qualquer meio, e pessoas criativas têm tendências as ser mais vaidosas com seu trabalho. Adicione a isso informalidade de qualquer relacionamento dentro de um coletivo para entender porque um deles duram apenas alguns meses. Paradoxalmente, coletivos podem ajudar a reduzir egos - ou pelo menos diminuir o estrago que ele pode provocar. "É um desafio mas é mais fácil num coletivo. Um grupo estável não permite abuso de poder. Claro que a sempre uma chance de alguém levar uma bronca. Quando algum ego começa a rondar a equipe, simplismente mandamos calar a boca", garante Donovan. A colaboração também promove o desenvolvimento de habilidades diversificadas a um grupo, algo essencial no mundo multidisciplinar do desing. Oferecemos a força de 10 cabeças, 20 olhos e 100 dedos, diz Donavan. A flexibilidade da Peepshow maximiza nossas chances de ganhar briefings porque o grupo não se limita a um só mediador".

(CONTINUA)

.:: Roberto Ojeda ::.